Pois é... vá lá, vá lá que ainda não se paga para escrever ou para
dizer o que quer que seja... vá lá, vá lá que ainda não somos taxados
por utilizar um template gratuito do blogger...
Quando a
contentação do "vá lá, vá lá" chega efectivamente a fazer parte do
imaginário de conforto de cada um, em que a lógica do "ainda bem que
temos alguma coisa" é a base do contentamento... vamos mal. Muito mal
mesmo. A mediocridade da tabela de valores (económicos e sociais) a que
nos temos vindo a habituar é pobre, muito pobre, sob o ponto de vista da qualidade,
daquilo que podemos e almejamos enquanto realização pessoal,
profissional e social.
E sendo a qualidade um dos
conceitos mais difíceis de discutir, podemos fazer o simples exercício
de apontar quais são os nossos actuais valores! Os sociais... Temos algum
conceito social (de ajuda, altruismo, apoio, concretização) que vejamos estar a ser cumprido na sua plenitude? Daqueles sobre os quais
pautamos (ou gostaríamos de ver pautadas) as nossas atitudes? Há alguma
pessoa (se sim, quantas e em que lugares estão) que seja a nossa
referência de valor social, de quem devemos perseguir, imitar, percorrer
os mesmos passos na tentativa de chegar onde chegou, pelos meios que
chegou? Pois é, fica o desafio.
E económicos? Vale o
contentamento do valor (seja monetário ou não) do trabalho que temos?
Qual é a "remuneração" do mesmo? Em dinheiro, por exemplo, que justifique o
contentamento? Se ele agora já não chega para o que fazíamos, e se ainda
por cima estamos (porque estamos mesmo todos) a fazer um esforço para
poupar, continua a fazer sentido olhar para baixo e agradecer por não
estarmos (ainda) naquele lugar?
"Muito bem estamos
nós, que ainda temos ordenado", ouve-se com alguma frequência. Ou então, "cheios de sorte estamos nós que ainda temos trabalho". Ora, mas
então o trabalho está em saldo? Coloca-se a hipótese de se trabalhar,
apenas e só porque sim? Para ajudar a construir o quê para quem? Pois
é... quando o contentamento aparece ou "acontece" de quem olha para baixo e diz:
"realmente há quem esteja pior" não podemos sequer pensar em melhorar,
em criar valor de riqueza ou sequer direito a ter isso mesmo. Porque
ficamos automaticamente sem direito a exigir, sem direito a pedir mais. É
mau, é péssimo haver quem esteja pior do que nós. É péssimo haver
sequer quem esteja mal, trabalhando para que assim não seja... é um facto! Mas se daí advém o
contentamento, a acomodação, certamente não sairemos do estado em que
estamos, porque, infelizmente, haverá certamente sempre alguém pior do
que nós. Porque se não houver, então...
A complacência e inquestionável aceitação faz de nos seres mesquinhos e medíocres. Pena é nem disso termos real consciência....
ResponderEliminarGosto!
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