quarta-feira, 31 de outubro de 2012

"Vá lá, vá lá..."

Pois é... vá lá, vá lá que ainda não se paga para escrever ou para dizer o que quer que seja... vá lá, vá lá que ainda não somos taxados por utilizar um template gratuito do blogger...

Quando a contentação do "vá lá, vá lá" chega efectivamente a fazer parte do imaginário de conforto de cada um, em que a lógica do "ainda bem que temos alguma coisa" é a base do contentamento... vamos mal. Muito mal mesmo. A mediocridade da tabela de valores (económicos e sociais) a que nos temos vindo a habituar é pobre, muito pobre, sob o ponto de vista da qualidade, daquilo que podemos e almejamos enquanto realização pessoal, profissional e social.

E sendo a qualidade um dos conceitos mais difíceis de discutir, podemos fazer o simples exercício de apontar quais são os nossos actuais valores! Os sociais... Temos algum conceito social (de ajuda, altruismo, apoio, concretização) que vejamos estar a ser cumprido na sua plenitude? Daqueles sobre os quais pautamos (ou gostaríamos de ver pautadas) as nossas atitudes? Há alguma pessoa (se sim, quantas e em que lugares estão) que seja a nossa referência de valor social, de quem devemos perseguir, imitar, percorrer os mesmos passos na tentativa de chegar onde chegou, pelos meios que chegou? Pois é, fica o desafio.

E económicos? Vale o contentamento do valor (seja monetário ou não) do trabalho que temos? Qual é a "remuneração" do mesmo? Em dinheiro, por exemplo, que justifique o contentamento? Se ele agora já não chega para o que fazíamos, e se ainda por cima estamos (porque estamos mesmo todos) a fazer um esforço para poupar, continua a fazer sentido olhar para baixo e agradecer por não estarmos (ainda) naquele lugar?

"Muito bem estamos nós, que ainda temos ordenado", ouve-se com alguma frequência. Ou então, "cheios de sorte estamos nós que ainda temos trabalho". Ora, mas então o trabalho está em saldo? Coloca-se a hipótese de se trabalhar, apenas e só porque sim? Para ajudar a construir o quê para quem? Pois é... quando o contentamento aparece ou "acontece" de quem olha para baixo e diz: "realmente há quem esteja pior" não podemos sequer pensar em melhorar, em criar valor de riqueza ou sequer direito a ter isso mesmo. Porque ficamos automaticamente sem direito a exigir, sem direito a pedir mais. É mau, é péssimo haver quem esteja pior do que nós. É péssimo haver sequer quem esteja mal, trabalhando para que assim não seja... é um facto! Mas se daí advém o contentamento, a acomodação, certamente não sairemos do estado em que estamos, porque, infelizmente, haverá certamente sempre alguém pior do que nós. Porque se não houver, então...

2 comentários:

  1. A complacência e inquestionável aceitação faz de nos seres mesquinhos e medíocres. Pena é nem disso termos real consciência....

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